Eu e o queijo

Nunca gostei de queijo, pelo menos essa é a resposta que eu sempre do. Mas a coisa não é simples. Afinal queijo é bom. Estranho? Não. Complicado...? Sim. Demorei só uns 20 anos para entender.
No começo o queijo era posto no sanduíche pela mamãe, e ele dava um gosto ruim. Mas na pizza ele era bom. Passei um bom tempo acreditando que o calor fazia ele bom. Estava errado.
Queijo: produto do leite... Se poe umas bactérias, o leite estraga e então tem-se queijo. Queijo = leite estragado. Ponto. Não precisa ser bom.
Mas sempre que aparece um queijo diferente a curiosidade me manda experimentar. E sempre que experimentava ele era bom! Se eu fosse Shakspare eu teria escrito um livro sobre essa filosofia ambigua do queijo, mas como estou no século 21 e não tenho tempo pra nada vai um post no blog só.
Queijos são diversos. Eu aprendi quais eram os bons, quais eram os ruins... Tudo isso sempre dizendo que não gostava de queijo. Eu nunca gostei de queijo, queijo estraga o sanduíche! Queijo é leite estragado! Mas aquele queijinho derretido é uma maravilha.
O que eu descobri depois de 20 anos foi que queijo não é ruim. Pelo contrário, queijo é muito bom. Ele é tão bom que não pode ser misturado no sanduíche. Ele deve ser comido puro. Só pode ser misturado no caso de ele estar derretido, dai fica bom.
Complicado né, mas acho q finalmente eu entendi que não gostava de queijo pq gostava de queijo.
Enfim, agora só falta descobrir pq o queijo ralado é ruim em qualquer situação, inclusive derretido.

Porto alegrenseando - uma tarde na redenção

Redenção... É só um apelido, mas passando uma tarde lá já descobri o pq dele. Uma simples caminhada ao redor e agente já consegue ver aquelas pessoas vestidas de coisas que antes só se viam nos desenhos animados.
Parando ali pra tomar um chimarrão agente nem demora pra vê uma madame tendo q junta uma bostona do cachorro gordo dela (é... tem gente que é submisso ao próprio cachorro). Tempo passa e lá na sombra duma árvore avista-se duas bichonas aos beijos. Simples assim, no meio de um parque superfrequentado (tem gente q acha a redenção um bom lugar pra levar o filinho passiar, dps não entende pq um dia ele chega dizendo: pai, sou gay).
Mais um tempo e vem aquela núvem de fumaça de cheiro de bosta (esse pessoal da capital q nunca esteve no campo acha que aquele cheiro é de maconha ahuweuawe). Junto com o cheiro vem aquela revoada de doente mental rindo alto e cantando coisas que só eles entendem.
Dai pensei, deve ser porisso que se chama redenção. É lá que o povo reprimido pode ir pra liberar as suas bizarrices. Onde eles podem achar redenção. Quem sabe um dia não sai algo de útil disso tudo (viu como eu to tentando ve porto alegre com olhos mais positivos).

A semana Farroupilha

Gaúcho sempre foi superior ao resto do Brazil, isso é fato. Anos após anos sempre mandamos dinheiro para aquele bando de vadio do nordeste, temos as mulheres mais lindas, o Grêmio, o Inter, os melhores presidentes foram gaúchos e sempre que alguma coisa extraordináia foi feita por um brasileiro, esse brasileiro é Gaúcho.
Por que é assim eu não sei, talvez tivemos sorte de estar num clima mais saudável, talvez tivemos a sorte de ser pouco influenciados pelos portugueses na época da colonização. Mas o que importa é que na semana Farroupilha é a semana que o povo sai pra se orgulhar de ser Gaúcho.
É a semana de tirar a bombacha do armário, fazer ela pegar um sol. Calçar as botas de couro feitas especialmente pra lida de campo e andar com elas no shoping. Até o lenço vermelho pra identificar os maragatos se usa, mas só se usa porque não tem mais guerra. É importante lembrarmos, nem que seja por uma semana, as nossas origens. Não importa o quão ridículo seja trajar a Pilcha e não saber andar a cavalo.
Nessa semana são vendidas todas aquelas cuias que estavam até mofadas nas prateleiras, o vendedor diz é porque ela foi curtida, e dai sim, agora ela vale o dobro. O chimarrão começa a ser tomado até pelas pessoas que antes não gostavam. Tudo em prol da tradição.
Em porco alegre tem o acampamento farroupilha onde o povo todo se reune pra come churrasco durante a semana toda. Engraçado que as pessoas tem a opção de ir qualquer dia do ano em qualquer churrascaria e comer um churrasco de carne boa por um preço descente. Mas preferem pagar o dobro pra come patinho no espeto num restaurante porco do acampamento.
E assim se vai, tudo pra dia 20 sairem numa passeata e se recolherem para suas casas, retomarem a consciencia de que eles não tem um rancho, não tem cavalo, e que tomar café é mais comodo que preparar o chimarrão.
Mesmo assim eu gosto da semana Farroupilha, ela me faz lembrar desse lado da vida tão esquecido nessa cidade amaldiçoada do inferno. Ela da uma esperança de que agente ainda pode andar a cavalo e sentir o cheiro do campo. Faz esquecer um pouco da vida real de pegar onibus e que o mais perto que se pode chegar de um churrasco é quando se faz na área de serviço com um ventilador pra jogar a fumaça no vizinho. Faz lembrar que teve tempos em que o Rio Grande se dava o devido valor.
Uma semana é pouco pra depois ter que voltar a ouvir as propagandas do Mano Changes, comer miojo, tomar café, andar de onibus, volta a ouvir o pessoal falando fino, e por ai c vai.