Wednesday, April 09, 2008

essa vai pro meu livro

O ônibus:

Na rotina diária de um estudante agente faz em média 30 horas de aula por semana. Cada dia agente leva uma hora de ida e outra hora de volta para cada dia de aula. Isso são 10 horas por semana de tempo jogado fora. Quase metade. No caso de um q faz direito (15h por semana) isso pesa.

Tudo bem, é necessário se locomover, é necessário gastar esse tempo. Mas vamos analisar como esse tempo é literalmente gasto. Minha mãe vivia dizendo para ler um livro no ônibus. Quem nunca andou de ônibus tem o costume de achar que agente viaja sentado cada um no seu lugar ao som de um violino.

Mas a realidade nunca foi assim. A saga começa na parada. Onde agente passa aqueles 15 minutos esperando de pé, dizendo não pro mendigo, levando aquela baforada quente que sai dos motores dos ônibus na cara, ouvindo aquele barulho de ferro raspando sinalizando que o freio ta gasto. 15 minutinhos de sofrimento que Murphy consegue explicar muito bem porque o ônibus não pode passar logo quando pisamos na parada.

Tudo isso na espera do grande momento em que o ônibus virá para nos salvar. Me lembra de uma velha estratégia da cozinha em que se demora para servir o jantar para a fome ser o principal tempero. Mas esse tempero não é suficiente, ao menos para mim. Quando o ônibus para e abre a porta, já tem tanta gente ali dentro que é perigoso de que um caia para fora. E mesmo assim tem que entrar. Aqui não tem cuspe que vá ajudar a meter pra dentro, é no soco mesmo. É aquela força pra conseguir subir e logo atrás a porta vem se fechando te esmagando para dentro e ajudado a criar mais um espaço. Tudo isso ao som do infame cobrador que tem a petulância de dizer “passinho pra trás q tem lugar lá no fundo”.

E assim segue de parada em parada até que começa a aliviar aos poucos. O bom disso é que se o ônibus bater o passageiro que está no meio nem notará. E nessa suruba organizada, bafo quente na nunca é fichinha perto das roçada de bunda. Tem uns que ainda dizem que já foram assaltados no ônibus, eu tenho certeza que nem o cara que assaltou notou.

Parece o inferno, mas calma que eu nem mencionei o calor ainda. Um ônibus carrega umas 100 pessoas dentro, frio é que não vai ficar. O ar condicionado deve ter sido projetado para atender as pessoas sentadas, em média de 40. E o resto? O resto ta lá de pé imaginando como seria agradável se tivesse ao menos uma janela.

Livro diz a mãe... se eu pudesse até a biblia eu lia.

3 Comments:

Blogger Rafael said...

Ah, as maravilhas de ser um pé-rapado na cidade grande. Como eu adoro. :)

12:34 PM  
Anonymous Anonymous said...

cara, MUITO boa! publica mesmo! faz um livro de crônicas, tu vai te dar bem! eu compro um exemplar pelo menos..e mais uns pra dar de presente no natal hahaha beijo queri

10:27 AM  
Anonymous Anonymous said...

Conseguiste sintetizar a realidade, vizinho.

Agora falta anexar a essa crônica uma sobre os dias de chuva...

10:42 AM  

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